segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Pela primeira vez tive dó de mim e tive medo.

Ainda estava na euforia da academia, na motivação das mudanças que eu tive em mim e vi a pessoa que mais me magoou e de certa forma me tirou um pouco de amor próprio me procurando; mas o que ele me propunha não era mais os planos de outrora. Então, resolvi que dessa vez seria diferente e foi...

Queria minha vida de volta queria a Carol que ainda existia em mim.

Procurei pelo homem que conheci e que mais admirava seu caráter, sua índole e coloquei tudo a perder e acreditei que me sabotava.

Procurei ajuda, fui pra terapia.

Descobri que não era tão simples ser forte, descobri que eu podia admitir que estava um tanto cansada.

Ser mãe, filha não é fácil, contas pra pagar, ser responsável por não deixar deslizar os sonhos de alguém, ver meu avô voltar pra cama, ver meu pai decaindo e buscar forças para que dessa vez ele não levasse mais ninguém com ele.

Querer em alguns momentos me descontrair me sentir egoísta por isso, ver e aceitar que minha pequena estava crescendo, que meu irmão estava seguindo sua vida e que o trabalho estava me consumindo.

Surtei, cai e chorei na calçada; quis ir embora e não olhar para trás.

A ajuda era necessária novamente, agora com remédio...

No começo me sentia ótima, serena e resolvi me permitir mais uma vez; afinal agora estava medicada; mas consciente procurei por alguém que me conhecesse e que não iria me julgar.

Me apaixonei pelo meu melhor amigo e a sensação de segurança me fez decidir que não precisava mais do remédio; afinal me apaixonar, me permitir, me trazia uma sensação tão bom, era algo que não fazia há anos e eu estava tão certa...

Mas não havia medido a queda do tombo.

E o tombo realmente me devastou, mas o que mais me devastou foi voltar a tomar o remédio e ouvir que eu me sabotava.

Aceitei que eu precisava do remédio, chorei.

Voltei ao remédio com ânimo, coloquei a esperança no remédio.

Afinal, não era à toa que havia buscado ajuda de um especialista.

Fiquei novamente menos acelerada, aparentemente mais serena e dei um tempo pra mim, parei de me cobrar tanto assim por causa do trabalho, resolvi me despir do medo, do medo do tempo passando e apenas aceitar estar ali sempre que minha filha precisasse, não poderia viver a vida por ela...

E novamente fui me permitir, dessa vez queria me aproximar de alguém desconhecido e assim o fiz...

Não deu muito certo; ou melhor, deu super certo; até que ele não quis mais me atender...

Não sei o que aconteceu, fiquei remoendo, fiquei mal com isso...

E me dei conta de que fico mal com ou sem o remédio.

E mais, eu quero ser assim, eu quero me apaixonar, respeitar minhas inseguranças, remoer se for preciso, aceitar que o outro também escolhe, que o outro pode não estar preparado para o que eu quero.

Que o fato de permitirmos nos envolver, não quer dizer que iremos querer as mesmas coisas, que podemos ter medo e também assustar;

Que não temos bola de cristal; que eu nunca vou ter certeza do que o outro quer e que o que eu quero também pode mudar.

Nunca saberei se estou fazendo a coisa certa, eu apenas posso me respeitar e tentar me compreender...

Eu não me sabotei e não me saboto, eu apenas tenho medo às vezes e o fato de dar valor às coisas diferentes de outras pessoas, não quer dizer nada demais.

Cada um carrega suas próprias experiências e sabe a delicia e a dor de se ser o que é.

Às vezes é necessário se perder para se encontrar.

E posso afirmar que agora sou a Carol que se encontrou!